Recebi o convite...

08:31

Levantei da cama enquanto escutava ao fundo o som da televisão soando da sala, fechei a porta do quarto e ouvi o barulho da chave, afastei o notebook que estava em cima da minha perna e decidi escrever. Escrever mesmo: caneta, papel e os pensamentos derramando em forma de escrita. Pensei em tudo o que eu tinha que fazer naquela máquina avançada de tecnologia e pensei em deixar para amanhã. Mas achei melhor não adiar mais aquele momento. Dirigi-me até a janela do meu quarto com os pés no chão gelado imaginando o porque que não havia colocado minhas meias, olhei pela janela e vi a noite já caída lá fora. A brisa cálida da noite bateu em meu rosto como se estivesse me avisando que já era a hora.

Sorri. Aquilo era bom. Voltei o olhar para o meu quarto e peguei aquele casaco que alguém importante  havia esquecido no banco de trás do meu carro. Vesti-o. Olhei para aquela mesa branca e vi os quadros amadeirados que faziam parte do cenário, as rosas vermelhas que me passavam paz e os meus livros preferidos do Nelson Rodrigues que parecia já fazer parte dali. Me perguntei em silêncio onde estavam os meus cadernos de textos, me veio a cabeça da última vez que passei a vista por ele.

"Era em uma manhã ensolarada, dia de faxina, estava com a pior roupa, um shorts folgado e uma camisa branca rasgada. Tirei eles de cima do meu home office e empurrei debaixo da cama, queria o menos de coisa possível em cima daquela mesa branquinha". Caminhei até lá e vi ele imprensado entre o chão e a cama, puxei-o e ele trouxe consigo algumas moléculas de poeira que atiçou minha sinusite e soltei um sonoro espirro. Ainda me recompondo do esforço de me abaixar para pegar o caderno. Sentei. No tapete branco que fazia parte da decoração do meu quarto.

Abri as páginas vorazmente daquele caderno que guardava com ele várias histórias de uma pessoa que talvez não fosse a mesma de hoje. Reli tudo o que havia descrito em versos e em prosas. Alguns textos li em voz alta, outros apenas mexendo os lábios e alguns passando o dedo para não me perder com a euforia em que eu estava. Senti. Saudades de continuar escrevendo sobre novas formas de sonhar, aventuras e descasos sobre a vida.

Corri. Até a mesa. Peguei. A caneta mais próxima. Percorri. Até alguma folha em branco que consegui encontrar. Escrevi. Esse texto. Como se tudo voltasse a fazer sentido outra vez. E percebi. Que toda caneta e papel é um convite para ser feliz.

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