Sei que nos encontraremos qualquer dia desses e você virá por trás de mim e me dará um beijo na nuca, com certeza minha tatuagem ficará exposta e você passará o dedo sobre ela sabendo que quando me deixou ela não estava ali. E sabe aqueles arrepios? Pois é, sentirei novamente. É engraçado como imagino você até em lugares impróprios como agora aqui, pensando nesse futuro beijo enquanto estou no intervalo da faculdade tomando Starbucks e começando a ler o livro que emprestei da estante da minha amiga, apesar de ter comprado três na minha última ida à Saraiva. Nunca perco essa mania de emprestar livros.

Levanto da cadeira quando ouço o sinal e me dirijo ao caixa da minha lanchonete preferida. Ou talvez não seja minha preferida, mas sim a mais perto da minha faculdade. Olho o relógio. Não sei porquê, mas sempre que ouço esse sinal vêm aquela lembrança do meu ensino médio... Apesar de ter sido ano passado... Lembro quando me encontrava com você no meio desses intervalos que tinha como trilha sonora essa campainha e os barulhos de carros e motos misturados com alunos conversando em grupos. Meus pensamentos do passado travam quando sinto alguém levantando meu cabelo e dando aquele beijo... Na nuca... Algo me diz que era ele. Viro e me deparo com você. É incrível o poder que a minha mente tem de ir te buscar no meu passado.

-Oi.

-Oi princesa - Sorrindo ( com aquele sorriso mais lindo do mundo)

-Quanto tempo?! - Sorrindo (sufocada pelo seu olhar e minha timidez)

Tanta coisa pra falar e fui logo dizer do tempo em que estamos separados. Automaticamente me lembro do quanto eu chorei no divã do meu closet, no sofá branco da minha sala e olhando através da janela do meu apê os prédios com as luzes acessas. Por pouco eu não falei poucas e boas para aquele sujeito que passei quase três anos com ele. E que agora era um mero conhecido que não podia chamar de amigo.

Depois de uma conversinha formal. Já atrasada cinco minutos pra aula de Biologia Humana. Me despedi e pela primeira vez não senti sua falta antes do previsto. Ao contrário de você que pediu pra eu ficar e que teve a cara de pau de dizer que sentia minha falta e que queria me levar pra jantar. Pensei comigo: -Levar pra jantar? Pra quê? Para depois terminar comigo de novo e eu ficar contando estrelas da varanda da minha casa no interior brigando mentalmente com as lendas que não vai me dá verrugas? Não... Muito obrigada!

Não sei se pra fugir do seu olhar que ainda me seduz ou do seu sorriso branco milimetricamente no lugar que me deixava estática, só sei que precisava ir e me despedi com um abraço e saí pela porta grande e vermelha da lanchonete. Depois que cheguei na faculdade e enrolei o professor para entrar descobri que eu amava Biologia Humana mais do que sua companhia. Precisava me acostumar com essa nova descoberta.