Sozinha com ela

16:47

Aquele feriado estava monótono demais. Ela pegou o controle da TV de 44 polegadas e passou por vários canais do plano novo que ela estava pagando. Passou. Passou. E nada prendeu sua atenção. Talvez ela estava precisando tirar o dia pra ela: hidratação, depilação, quem sabe mudar radicalmente com um corte de cabelo novo. Só que ela tinha esquecido que mudar radicalmente dói demais. E ela talvez se arrependesse de cortar aquele cabelo que passou muitos anos para chegar abaixo da cintura... Talvez ela tivesse confundindo o cabelo com sua própria vida, pois cabelo cresce, mas aquele amor que ela perdeu por ser cabeça dura não volta mais, aquele ano que ela não passou no vestibular não volta atrás, aquela briga que ela teve com a melhor amiga não valeu a pena. Ela é assim. Mistura lembranças do passado e do presente enquanto se afunda naquele sofá com suas pantufas e seu pijama rasgado. Que aliás, estava muito confortável.

Parece que a cidade faz conspiração contra ela. Nublado e quase sem ninguém na rua e lá de cima ela escuta os carros passando a 40 km por hora. Ela é assim. Pensa que tudo na vida tem a resposta exata, mas ela mesma não se dá conta que quase ninguém obedece aquela placa da avenida avisando que a velocidade permitida era essa. De vez em quando ela pensa que vive em outro mundo. Quem sabe o mundo das historias que sua mãe contava pra ela antes de dormir. Quem sabe a história daquele filme que pela primeira vez ela assistiu sozinha quando completou 18 anos. Essa nostalgia de 15 de novembro era muito louca pra ela. E sinceramente ela gostava, estava mais feliz e sozinha que nunca. Assim ela podia pensar mais. Escrever mais. Estudar mais. Viver mais.

Tinha dias que ela tinha sim vontade de mudar, virar uma Miley Cyrus da vida, escutar banda de rock pesada, se vestir de preto, largar os estudos, jogar aquela pantufa fora, remendar o pijama, largar tudo e começar do zero. Mas sabe, as vezes dá aquela preguiça de fazer tudo isso. E exatamente no dia que ela pensou em mudar, ela estava cansada e confortável demais calçando aquela mesma pantufa e usando o pijama de sempre. Ela era assim. Criança para decidir o que queria, mas no final era isso mesmo que ela queria. Ela era assim. Confusa demais para os outros a entenderem e mais confusa pra ela mesma se entender.

Depois de tanto pensar e não se decidir ela levantou dali, pegou um ônibus e foi para casa dos pais. E quer saber? Ela não precisa mudar nada, nem jogar suas pantufas fora pra descobrir que ela é feliz com ela mesma!

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6 comentários

  1. Lindo a crônica, parabéns ♥
    http://conexahollywood.blogspot.com.br/

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  2. que lindo!! você escreve muitoo bem! parabens *-*

    beijoos'
    diariofantasmaa.blogspot.com

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  3. um texto muito inspirador, flor!
    abraços

    http://princessandfashion.wordpress.com

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