Talvez a minha bolsa explique um pouco de mim por aí. Talvez ela diga que o meu cérebro já não guarda informações em ordem porque minha necessárie está toda borrada com aquele batom que comprei de R$30,00 ou R$35,00 reais, não lembro a marca e muito menos o dia. Só lembro que estava no banheiro do terminal de uma cidade qualquer depois de fazer uma prova de vestibular, tentando esconder as olheiras de uma noite mal dormida. Guardei o rímel, o compacto e o batom entre os inúmeros embrulhos de chocolates e embalagens vazias de cerais que havia dentro da minha bolsa preta favorita. Talvez essa bagunça explique o porque que eu não lembro o dia, nem a cidade e a hora desse episódio.

E naquela manhã de sábado nublado quando procurei algo dentro da mesma bolsa preta, e enquanto procurava me dei conta que tinha esquecido o que procurava. Talvez isso explique o porque que eu só lembro que era um sábado com uma manhã nublada. Lembro que fui ao cinema e quase perdi a entrada por ter jogado o bilhete dentro da bolsa preta e quase joguei em cima do bilheteiro meus três livros, minhas duas agendas, rímel, pulseiras, aneis, bombons... Talvez isso explique o porque que eu não lembro qual era o filme que estava em cartaz naquele domingo às 5:00 horas da tarde.

Depois de sair do cinema sozinha fui no MC Donalds, sem precisar seguir a dieta que estava no meu bloco de notas, pedi o maior x-burguer e o melhor suco. Comi vendo o tempo e as pessoas passarem. Na hora de pagar fui procurar o cartão de créditos e quase tive um surto quando não encontrei no meio da bagunça, depois de muito tempo procurando paguei em dinheiro. Chegando em em casa encontrei o cartão misturado entre as mil outras coisas que havia na minha bolsa preta favorita. Talvez isso explique o porque que não consigo lembrar o sabor do suco que bebi.

Talvez eu sofra de amnésia ou simplesmente viva no mundo da lua ou quem sabe eu apenas esteja precisando trocar de bolsa.