Vomitando amor próprio

23:23

Eu estava visivelmente feliz hoje. Primeiro porque dormir de blusa rosa e calcinha preta. Como em toda manhã espreguicei-me e sorrir. Sorrir como se hoje o dia fosse ser diferente. Fosse ter uma pitada de pimenta. Olhei-me no espelho que fica na cabeceira da cama e constatei que estava bem. Bem melhor do que ontem. Bem melhor do que antes de ontem.

Meu sorriso estava diferente e ele me deu inspiração. Sentei na cama e peguei na minha penteadeira provisória meu esmalte lilás da colorama. Comecei pela mão direita, já que tenho mania de primeiro começar com as coisas difíceis e só depois ir para as mais fáceis. Pintei minhas unhas da mão desviando o meu olhar para o espelho. Entre uma pincelada e outra, meus cabelos compridos escorridos pela costa deu ênfase aquela mistura de cacheado com liso. Na verdade parecia mais uma cena de filme. 

Não queria ter que começar o dia. Não queria ter que sair do meu mundo, vulgo quarto. Não queria ter que dá notícias para os meus pais. Só queria curti aquele momento sozinha e feliz. Entre um sopro e outro para o esmalte secar mais rápido, continuo a me olhar. E comecei a pensar. Pensar no meu sonho da noite passada, confuso e sem nexo.

Ao lado da cama estava meu óculos de grau. Atrevidamente pus em meu rosto. E por um instante quis registrar aquele momento. Registrei com o meu pensamento. Pressentia que hoje iria ser tão bom que nem precisaria tirar a maquiagem no final do dia. Quer dizer, se eu precisasse de maquiagem naquele dia. Talvez, só o rímel de cada dia.

Hoje eu estava agindo de propósito lentamente, idealizando cada momento. Estava descabeladamente perfeita. Pintando a unha inconvenientemente linda. De blusa e calcinha. De óculos de grau. De sorriso no rosto. Como se nada e ninguém pudesse se intrometer entre eu e eu.

Logo depois me dei conta que eu estava vomitando amor próprio naquele belo dia.

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