Devolvendo lembranças

14:30

Sentada no tapete peludo do meu quarto, com aquele coque alto que você amava e elogiava sempre, estou tentando abrir a caixa de sonhos de valsa... Tentando abrir, pois fechei aquela caixa há exatos dois meses para te enviar, mas faltou coragem. Naquela caixa está toda a nossa história... Abro ela lentamente e vou redescobrindo aos poucos os dias que se passaram ao seu lado e junto com o redescobrimento vem o cheiro de lembranças no ar. Prendo a respiração por alguns segundos enquanto acabo de abrir a caixa. Pouso a tampa lentamente no tapete e logo vejo aquele bilhetinho que você escreveu pedindo o meu número e dizendo que eu era a mulher mais linda daquela balada. Apesar de nunca saí, eu gosto de balada e daquela mais ainda.

Remexo minha mão dentro da caixa para vê se vinha alguma coisa mais recente... Em vão... Coincidentemente encontro aquele anel que você comprou na 25 de março no nosso segundo encontro, depois de tantos telefonemas e conversas pelo whatsaap você pôs aquele anel no meu dedo na faixa de pedestre. Que louco você é, e isso me fazia te admirar e ficar atenta para descobrir a próxima surpresa. Coloco minha mão de volta na caixa e dessa vez apalpo aquele fone de ouvido cor de rosa, lembro que quando me presenteou com ele você me chamou de patricinha birrenta e eu pulei no seu colo dizendo que te amava.

Devolvo tudo para dentro da caixa e a fecho... Vou até o meu guarda roupa escolho um look - camiseta branca, saia jeans destroyed e minha pulseira de spike que estava na minha penteadeira - visto rapidamente. Pego minha bolsa de franjas preta e calço minha sandália de salto que está perto da porta. Pego a caixa e a chave de casa. Enquanto entro no elevador imagino sua reação ao receber nossa história dentro daquela caixa de chocolates que você me mandou juntos com o buquê de flores no nosso terceiro mês de namoro... Enquanto chamo o táxi solto o meu coque e deixo os meus cachos esvoaçando com aquela brisa do anoitecer. Peço para o motorista me levar para avenida Silvio Martins, prédio Residencial - apartamento 106.

Enquanto olho pela janela do carro os prédios misturados com as pessoas lembro de você me ensinando a andar de skate... Você me equipou completamente: capacete, cotoveleira, joelheira e ainda me fez vestir o seu casaco de moleton, porque segundo você iria amenizar a queda. Além de me perguntar a todo momento se eu não queria parar... Percebi que já conhecia aquela rua quando o carro foi parando e o moço disse: -"Chegamos!". Pedi para ele esperar um pouquinho que já estava voltando. Conversei com o seu Floriano, o porteiro, pedi para ele dizer que o correio tinha trago. Mas algo me diz que ele não iria proceder com o meu plano, mas nem me importei. Me despedi dele e voltei para o táxi quase correndo... Estava com aquela pontinha de medo dele me vê ou de eu vê ele, ainda não decidi.

Assim que entrei no táxi pedi para o moço me levar de volta pra casa e fiz aquele coque alto de novo. É inevitável. Sempre vou lembrar de você quando faço o meu coque. Por que você teve que elogiar justo o meu coque? Olho novamente para a janela do carro e me vejo largando a nossa história nas sua mãos. Sei que é um ato covarde, mas eu precisava me livrar do passado. Mesmo lembrando de você no presente.

You Might Also Like

2 comentários

  1. Que texto mais lindo.! Enchi meus olhos de lagrimas.!
    Você é uma Excelente escritora.!
    Amei o texto.! muiito!
    Parabens linda*-*

    BeijoO da Roque =D

    http://depoisdevoar.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Camilla... Fico muito feliz por você ter gostado do meu texto.
      Obrigada mesmo.
      Beijos

      Excluir

Popular Posts

Instagram

Inspiração do Dia

Inspiração do Dia