Espera Cruel

12:01


Deito na cama com o celular na mão e uma xícara de café na outra. Olho todas os detalhes que aquele aparelho possui, mas ao mesmo tempo não olho, pois atrás daqueles detalhes há uma foto... Foto que me faz respirar profundo: a foto dele. Ele que me enche de dúvidas e sensações... Dúvidas que sinto todos os dias sem que ele  me diga o que realmente sente por mim, se ele gosta de quando ligo para dizer como foi o meu dia, para perguntar se a mãe dele está bem ou para apenas lhe desejar um ótimo dia de trabalho... Sensações que sinto quando olho para aquele visor e não tem nenhuma ligação perdida dele.

E essa espera cruel está  me deixando louca e aqui sozinha entre um gole e outro de café começo a pensar que você não se dá conta de que tem alguém aqui que está esperando uma ligação sua para salvar o meu dia chato e monótono. A ansiedade não deixa esperar mais, com rapidez teclo o menu daquele celular e vou até as últimas ligações... Lá está aquele número... Número tão conhecido por mim... Ligo... E espero pela chamada com fugaz verocidade, ouço o som de ligação em espera. Desligo rapidamente e olho para aquele visor que até ainda pouco fazia minhas borboletas no estomâgo dá várias cambalhotas e agora me fazia pensar para quem ele estava dando aquele tempo que era meu. Para quem ele estava falando como foi o seu dia. Será que era aquele amiguinha do outro dia ou talvez uma nova amiguinha?

Já estava arrependida de ter sido ansiosa. Tomo mais um gole daquele café que já estava morno e sem gosto e volto a passar os dedos naquele bendito visor. Começo a imaginar como será nossa briga... As palavras que eu irei usar para ele se sentir culpado. Culpado de ter me deixado a espera daquela ligação. Deixo a minha xícara morna e sem graça no criado mudo e arranco de lá o meu livro, folheio cada folha sem entender o que estou lendo.

Depois de exatos 22 minutos lá está meu celular vibrando. Sem pestanejar olho para a tela e vejo que é ele, deixo vibrar cinco vezes e atendo agindo naturalmente... Mas inevitavelmente aquela menina mulher se torna apenas menina e não exita em perguntar com quem ele conversava... E a resposta dele não poderia ser melhor: -Minha mãe!

De repente a menina some e a mulher cheia de segurança e planos volta, mas com aquele sorriso bobo que insiste em aparecer enquanto ela tenta se desculpar pelas barbaridades que ela disse no pensamento.

E aquele sorriso bobo que nem ela mesma sabe porque está ali não quer sumir.

Raquel Cunha

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