Você não sabia, mas por trás daquele telefonema eu estava sentada em uma sala escura com aquela camisa com o número 23 na frente, com o cabelo há três dias sem lavar e com um telefone emprestado. Sem você imaginar estava com um medo danado do rumo que nossa conversa estava indo. Medo das escolhas que tinha me trago até aqui. Quer dizer, até você. Estava feliz, mas com medo. Medo de não poder mais contar com os meus planos que sempre sonhei pra mim, medo até de pegar na caneta e transcrever para o papel meus sentimentos, simplesmente medo de não viver. Ou de viver.

Não quero que depois você brigue comigo e coloque palavras que eu não disse. Isso é feio. Eu quero que nossos planos se realize. Quero agora, quero logo. Mas antes disso quero te dizer que sou complicada. Complicada de entender, de notar e quero que saibas logo que só sei fazer arroz, macarronada, pudim e brigadeiro. Mas por você entraria em um curso de culinária.

Também gosto de tudo arrumadinho e sei que vamos brigar quando você bagunçar nossa cama. Gosto de companhias na hora das refeições e gosto de jantar cedo. Tomo remédio pra tudo e você pra nada e nem adianta fazer birra quando estiver doente vou fazer você engolir uma Dipirona. Prometo que depois irá se sentir bem melhor. E vou te dar um aviso: -"Jamais tenha ataque de sinceridade me dizendo que estou com uns quilinhos à mais, porque se não vou passar um dia inteiro sem comer e me matar na academia". Não sou perfeccionista, aliás você vai se decepcionar com a minha organização. Se decepcionar quando eu ver um sapato no shopping e perceber que ele está com 40% de desconto. Se decepcionar com meu ataque de ciúmes, com meu ataque de choro quando bater saudade da mamãe e do meu quarto. Vai se decepcionar quando perceber que faço muito dengo quando estou doente e fico hiper-sensível quando estou de TPM.

Talvez eu te conheça o suficiente pra compartilhar o controle remoto da TV com você... Se a gente tiver TV... Mas me preocupo por não saber quais são os seus defeitos, mas prometo aceitá-los. Mas e você? Vai me aceitar com os meus?