Só queria o barbudo

12:23

Acordei naquele dia como todos os outros dias, não passei maquiagem, não penteei o cabelo, passei os dedos entre eles e fui para o meu dia. Meu café foi duas palavras de um livro qualquer na mesa da sala de jantar. Minhas roupas foi uma camisa branca grande e uma saia curta por baixo. Meu cabelo bagunçado bem abaixo da cintura estava como sempre. Saí de casa querendo chegar na droga da faculdade logo.

Passei na estação de metrô, com uma bolsa e dois livros na mão. Sentei na cadeira com a barriga vazia enquanto abria o livro e fingia que lia. Percebi que tinha um barbudo com um sorriso maroto me olhando. Ele aparentava ter 26 anos, aparentava ter concluído jornalismo, aparentava vomitar palavras inteligentes e está procurando emprego. Palavras inteligentes e jornalismo era tentador.

Fingi que não vi ele e nem a barba dele e continuei olhando para o livro e para a janela suja. Aquele olhar me incomodava e por um instante imaginei ele trazendo café preto na cama pra mim em um dia de segunda-feira qualquer, eu vestida com um moletom cinza e ele de meia no pé. Ele tinha cara de gostar de café preto. E de moletom cinza. Fazíamos uma bela dupla.

A minha estação chegou, desci. Esqueci aquele barbudo e passei pela faixa de pedestres. Minha bolsa pesava. Via mulheres conversando sobre a próxima compra, amigos falando sobre futebol, crianças comprando bala. Deu vontade de largar meu livro e ir fazer arte no semáforo depois que eu vi um cara com um sorriso largo fazendo malabarismo.

Continuei e ao chegar na faculdade me lembrei de quantos barbudos passaram no meu caminho. O da padaria, do banco, do meu prédio, do país vizinho e o da minha mente. Constatei que barbudos e jornalistas me perseguem. Estou cansada dessa baboseira que os filósofos chamam de amor, mas juro que se fosse barbudo e jornalista iria embora pra Pasárgada com ele.

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8 comentários

  1. Essa paixões de metrô são tão tristes... duram minutos e você fica semanas pensando "e se...?". Por sorte eu já tenho o meu noivo - jornalista e barbudo, por sinal rs - e parei de reparar nos outros e de ter esses romances momentâneos pra ter uma mor pra vida toda <3

    http://compramosumape.blogspot.com.br/

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    1. Tristes e notórias... Sorte sua Bianca, haha

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  2. Adorei seu texto, tão romântico e profundo... adorei mesmo.
    GRAÇAS A DEUS eu tenho um barbudo só meu, que roça o tempo todo a barba pelo meu corpo. MUITO bom e recomendo namorarem barbudos.
    ADOREI seu blog, to apaixonada pelo seu layout... incrível!

    Beijos, Isa do www.isabelaseixas.com

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    1. Obrigada Isa. Muitas mulheres com os seus barbudos, haha. Também recomendo Isa e jornalista de quebra.
      Obrigada.

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  3. Me apaixonei por esse seu texto, você escreve super bem e brinca com as palavras. Já passei por muitas situações assim despercebidas, até que um dia eu "percebi" e me apaixonei e já estamos há 2 anos e 3 meses juntos. Haha Mas, não suporto barba :( Quando a dele tá crescendo dou uma de namorada chata e já peço pra tirar. Kkk
    Um grande beijo!!!

    Tá tendo o primeiro Sorteio lá do blog, de uma capa de almofada, super criativa, vai ficar de fora? Corre lá!!!
    http://r-nuvens.blogspot.com.br/2014/08/sorteio-com-lolla-almofadas.html

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    1. Obrigadão Dani. Gosto de misturar cenários e palavras e depois vejo que dava pra fazer dois textos de um, haha. Não gosta? Acho lindo homem barbudo, haha.

      Beijos

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  4. Oi Raquel, seu texto está lindo. Amo textos românticos e delicados. Quem nunca conheceu um "barbudinho" e se apaixonou? rs Cada dia você escreve melhor! Beijos, Érika :-)

    Quero ser Alice
    www.queroseralice.com.br

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    1. Obrigada Érika... Somos duas então, haha. Pois é. Muito obrigada mesmo. Beijos

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